domingo, 17 de junho de 2007

Eu adoro me render.

Hoje foi o meu domingo. Passei o dia de camisa de flanela bem feia, descabelada e de óculos, andando de chinelos flip-flop-flip-flop e fazendo a minha mãe perguntar se eu não ia colocar umas calças pelo amor de Deus.

É bom ser solteira e não ter que dizer nada a ninguém. Demorei um pouco a me acostumar com a parte de ficar sozinha, porque sou daquelas que gosta de ficar enroscada. Algumas pessoas deviam se desmaterializar depois do sexo - ou antes, em alguns casos, infelizmente não muito raros. Pra falar a verdade, só uma vez eu fiquei feliz em acordar do lado de alguém. Ainda fico, apesar das costas doerem.

Homens, homens. É tão difícil eu me interessar por alguém de verdade. Não era assim, eu costumava me apaixonar por detalhes, mas acho que o tempo me fez virar uma chata exigente. Tenho um ideal de homem e pouca gente se aproxima dele. Porque afinal de contas, ideais são pura teoria.

Eu queria um homem passional e inteligente. Que me equilibrasse mas me deixasse louca. Que escrevesse - não que fosse escritor, por favor. Que simplesmente escrevesse coisas que me fizessem fazer aquela cara que eu faço quando me acertam os botões. Eu queria um homem inteligente e que não achasse que eu reclamo demais, apesar de eu reclamar de tudo. Eu praticamente me comunico através de reclamações. Mas é assim que é. Eu queria um homem que gostasse de música boa, que não tivesse medo de se jogar de uma ponte de mãos dadas comigo e que gostasse do meu cachorro como um pai. Eu queria um homem que entendesse que eu uso 50 cosméticos para cada parte do corpo e não achasse isso frescura, e que entendesse que eu preciso ficar sozinha e não fosse grudento, mas fosse um pouco obsessivo, porque isso me faz sentir importante e normal, porque eu sou um pouco obsessiva. Que não fosse junkie, e que bebesse bastante mas conseguisse ficar sem beber bastante. Que me achasse linda e me dissesse que meu nariz é lindo, mas não se importasse com o fato de que ele vai mudar. Que gostasse de cães e me trouxesse café na cama às vezes. E não achasse que eu sou mãe dele, nem tentasse ser meu pai. Que conseguisse ficar horas simplesmente falando e escutando, e que escutasse de verdade que nem eu escuto, e que conseguisse falar dele sem ser chato. Que me sacasse de cara em vez de me julgar pra depois me conhecer. Que soubesse bater e acariciar. Que calasse a minha boca. Que não me mandasse pensar menos. Que tivesse aqueles olhos.

Eu queria um monte de coisas. Teoria.
Malditos instintos, eles sempre acabam mandando em tudo. E eu me rendo. Sempre. Posso fingir que não, levantar a sobrancelha e virar pro lado com cara de blasé, mas eu me rendo.

Eu adoro me render.

domingo, 3 de junho de 2007

O mais difícil que há no início de uma relação é a obrigação em que ambas as partes se sentem de fingir serem mais dinâmicas, divertidas, sem sono e cheias de assunto do que realmente são. Quem nunca passou a noite de sexta tentando acompanhar o bate-estacas de alguma boate pretensiosamente maquiada de casual, cercado de pessoas que não lhe diziam o menor respeito e pagando três vezes o que valeria uma tulipa de chope ou uma boa dose de uísque não viveu quase nada...

O mais difícil que há no fim de uma relação é a certeza de que você precisa mudar drasticamente sua forma de lidar consigo, com seus sentimentos, com suas prioridades e com o sexo oposto. Lidar com tudo logo. Acabou, não deu certo? Tudo precisa ser revisto. Se você continuar a ser aquela, fatalmente vai passar por novas desilusões, até que um dia vai estar doída demais até para paquerar na fila do banco. É angustiante.

O mais difícil que há depois do fim de uma relação é descobrir que ele arranjou uma guria parecida com o que você era quando tudo começou.
É aí que você se enche de confiança, volta a ser mais você e acaba passando da conta de novo, agora com outra pessoa.