terça-feira, 20 de junho de 2006

A ignorância floresce... A culpa é de quem?

Mais uma vez tenho o privilégio de postar no blog de uma pessoa tão querida para mim. Por isso, espero que o nível dos textos se mantenha. Este que postarei aqui hoje é bem contemporâneo e ajuda na tentativa de explicação de porque o homo sapiens tem regredido tanto em matéria de raciocínio... Porque não presenciamos mais obras de gênios nas áres científicas e culturais como antigamente presenciávamos. Muito pelo contrário, os pensamentos humanos têm se apresentado viciosos e preguiçosos. Enfim, o texto fala muito melhor sobre o assunto do que eu. Vamos a ele:

OBESIDADE MENTAL

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polêmico livro "Mental Obesity", que
revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu este
conceito de obesidade mental para descrever o que considerava o pior
problema da sociedade moderna. Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou
consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação
desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da
informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que
esses.
Segundo o autor, a nossa sociedade está mais atulhada de preconceitos que de
gorduras, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As
pessoas se viciaram em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo mas não
conhecem nada a fundo. Os cozinheiros desta magna fast-food intelectual são
os jornalistas comentadores, os editores da informação filósofos, os
romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os
hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.
O problema central está na família e na escola. Qualquer pai responsável
sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta
mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e
telenovelas. Com uma alimentação intelectual tão carregada de adrenalina,
romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois
uma vida saudável e equilibrada.
Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma : o jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de
cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das
realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas
seduzir, agredir e manipular. O texto descreve como os repórteres se
desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado
polêmico e chocante. Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega
aos jornais.
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. O conhecimento das
pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi
assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela
Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham
que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem
que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. Não admira que, no
meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano
estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a
religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a
arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo a
imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma idade das trevas ou o fim da
civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem
moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não
precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de uma
melhor dieta mental.

Na próxima vez que escrever por aqui, ou mesmo a Kaká, já tenho uma idéia para o post seguinte. Já que o blog se chama "a conspiradora", seria interessante explorar o tema conspiração... Explicar significados, origens e exemplos. Bom, já é uma idéia. Até a próxima para os diletos leitores!